Enquanto mais de 15 mil servidores protestavam na porta do
Ministério do Planejamento, no final da tarde desta quarta-feira (13), em Brasília,
dirigentes de várias entidades sindicais do funcionalismo público se reuniam
com a ministra Mirian Belchior, na sala de reuniões do Bloco K, na Esplanada
dos Ministérios. O encontro, que contou com a presença de representantes de
três centrais (CUT, CTB e CSP/Conlutas) e 23 entidades nacionais, entre elas a
Fenajufe, representada pelo coordenador geral Ramiro López, foi o primeiro da
nova gestão do governo federal com o movimento sindical dos servidores
públicos.
Antes dos dirigentes sindicais reforçarem cada eixo da pauta
de reivindicações da campanha salarial, Mirian Belchior abriu a reunião
afirmando que o objetivo daquele encontro era retomar o diálogo do governo
federal com o funcionalismo público. Ela se comprometeu a dar continuidade aos
trabalhos da Mesa Nacional de Negociação, iniciada na gestão anterior. No
entanto, embora tenha afirmado que o governo tem disposição em manter o diálogo
com as entidades, a ministra disse que naquele espaço há posições divergentes e
que por isso haverá alguns enfrentamentos na mesa de negociação.
Segundo Ramiro López, um dos dirigentes a falar na reunião,
o encontro com a ministra, embora seja considerado positivo por ter
restabelecido o diálogo com o governo, não atende os anseios dos servidores,
que esperam maior efetividade do processo de negociação. Reafirmei que as
entidades esperam do governo federal o compromisso de que seja estabelecido, de
fato, um canal de interlocução que seja capaz de definir uma política salarial
para o funcionalismo público. Lembrei, inclusive, que no governo anterior
chamávamos aquele espaço de mesa de enrolação e que queremos que agora seja
diferente, disse Ramiro, na saída da audiência.
O dirigente da Fenajufe afirmou durante a reunião no
Planejamento, que os servidores do Judiciário Federal e do MPU estão nesse
processo, reforçando a pauta unificada de reivindicações, ao lado dos colegas
do Executivo e do Legislativo.
Em relação à negociação coletiva no serviço público, o
coordenador geral informou a posição da Fenajufe. Deixei claro que nós não
aceitamos a vinculação do debate sobre a negociação coletiva ao do direito de
greve, conforme propôs o governo. Na nossa avaliação, esses são dois temas que
precisam ser discutidos com muita profundidade, para que os servidores não
sejam, mais uma vez, prejudicados, explica.
Na avaliação dos dirigentes sindicais, uma coisa ficou clara
na reunião: o governo não pretende mudar a política de contenção de gastos com
o funcionalismo público. Em entrevista, após a reunião, aos jornalistas das
entidades sindicais e da grande imprensa, o secretário de Recursos Humanos,
futuro secretário de Relações de Trabalho, Duvanier Paiva, ao ser questionado
sobre o PLP 549/09, disse que a proposta do governo semelhante a essa é o PLP
01/07, que se encontra no Senado Federal, e que não há qualquer orientação para
que ele seja retirado.
Como resultado da audiência, foi agendada nova reunião das
entidades sindicais para a próxima segunda-feira (18), com o secretário
Duvanier para iniciar os trabalhos da mesa de negociação.
Ministra afirma que PCS é um pouco salgado para este ano
Depois de encerrada a audiência da ministra do Planejamento
com os dirigentes sindicais, na saída da sala de reuniões, o coordenador geral
Ramiro López falou rapidamente sobre os projetos que revisam os planos de
cargos e salários dos servidores do Judiciário Federal e do MPU. Ele reforçou
os pedidos de audiência que a Fenajufe já encaminhou à ministra para tratar do
tema.
Mirian Belchior informou já ter conhecimento do assunto e se
limitou a dizer que o reajuste previsto nos projetos é um pouco salgado para
este ano. Ela adiantou que quem deverá receber as entidades é o futuro ministro
de Relações de Trabalho, Duvanier Paiva.
Para o coordenador geral da Fenajufe, a fala da ministra,
tanto em relação aos projetos da categoria como em relação à pauta do conjunto
do funcionalismo, aponta para a necessidade da luta organizada dos servidores
públicos. Sem entrar muito em detalhes dos pontos da nossa pauta, ela deixou
claro que as posições do governo são divergentes das nossas. A reunião foi
importante porque colocamos na agenda as nossas reivindicações, mas precisamos
manter a luta no próximo período para garantir novas conquistas e impedir que
os projetos que prejudicam os servidores sejam aprovados no Congresso, avalia
Ramiro, que reforça a importância da categoria retomar a luta, com força em
todo o país e construir a greve por tempo indeterminado a partir do dia 3 de
maio.
Fonte: SINDIQUINZE