O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Recanto das Emas realiza nesta terça-feira, 7/3, às 15h, o II Círculo de Diálogo para Mulheres – Paz em Casa. A ação acontece no Fórum Desembargador Valtênio Mendes Cardoso e integra a programação da XXIII Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa.
A iniciativa consiste numa roda de conversa com a presença da Juíza Cristiana Torres Gonzaga, titular do JVDFCM do Recanto das Emas, servidoras e servidores do Juizado e mulheres da comunidade. Para esta edição, foram convidadas as advogadas Izabella e Bruna Borges, do Instituto Survivor, de São Paulo, entidade especializada no atendimento a vítimas de violência doméstica.
O objetivo do Círculo é criar conexão entre mulheres que vivem na região administrativa para fortalecer o sentimento de pertencimento e abrir espaço para reflexão sobre projeções, valores e leis. A magistrada explica que é um espaço horizontal e protegido, no qual o silêncio, a fala e a escuta são ordenados e amplamente respeitados. “A ideia é trazer nossa experiência e ouvir as mulheres, como numa troca de vivências”, adianta. “Pensar o que é a violência doméstica contra as mulheres, identificar as violências que acontecem em volta de mim. Trazer mais clareza do que é violência e do que é ser vítima, com foco na rotina diária da casa e das relações mais íntimas”, informa a Juíza.
A advogada e psicanalista Izabella Borges é fundadora e presidente do Instituto Survivor, que foi criado em março de 2022, em parceria com a atriz Duda Reis. A artista foi vítima de violência doméstica por um ex-namorado e é atendida pelo escritório de advocacia de Isabella. “A finalidade do instituto é ser a porta de saída das mulheres das situações de violência baseada no gênero. Com a ideia de que a vítima consiga transmutar sua própria narrativa, sua história de vida, seus traumas mais profundos oriundos da violência e, resignificando tudo isso, e possa seguir como uma sobrevivente, uma pessoa que conseguiu transmutar essa experiência como um capítulo da sua vida e não como uma história que vai definir toda sua jornada”, explica.
Além de advogada, Izabella também é psicanalista e considera que existe uma lacuna no cuidado emocional e mental que as mulheres precisam receber. Assim, na entidade que preside, existem aproximadamente 750 voluntárias que atuam no acolhimento das ofendidas. “Entre médicas, advogadas, psicólogas, professoras de yoga e meditação, várias formações distintas e mulheres que foram vítimas de violência doméstica e querem ajudar outras mulheres nessa travessia de vítima a sobrevivente”.
Outro aspecto que o Instituto Survivor valoriza é o desenvolvimento da autonomia financeira, pois, segundo a convidada, muitas mulheres ficam presas nesses cenários por falta de autonomia financeira. Pensando nisso, foram feitas parcerias com empresas para recolocar as mulheres no mercado de trabalho ou empoderá-las intelectualmente para que desenvolvam habilidades e se recoloquem. “Para isso, foi firmado um convênio com a Universidade Ítalo-Brasileiro, que fica em São Paulo e fornece 200 bolsas de estudos por ano para vítimas de violência doméstica ou mulheres em situação de vulnerabilidade social, para que elas estudem em qualquer curso do campus”.
O Círculo de Diálogo do Recanto das Emas é aberto ao público em geral. Compareça e participe.
O Programa Nacional Justiça pela Paz em Casa é promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com os Tribunais de Justiça estaduais. O objetivo é aprimorar e tornar mais célere a prestação jurisdicional em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, por meio de esforços concentrados de julgamento e ações multidisciplinares de combate à violência contra as mulheres.
O TJDFT lembra que o enfrentamento à violência doméstica é uma luta de toda a sociedade e pode começar por você.
Ao menor sinal de violência, denuncie! Ligue 180, 190 ou 197 – opção 3.
Fonte: TJDFT