O atropelamento de uma Oficial de Justiça durante o cumprimento de um mandado no Rio de Janeiro, chamou a atenção para a precarização e falta de pessoal no cumprimento de mandados em todo o Brasil.
O acidente aconteceu na tarde do dia 7 de janeiro quando a Oficial Roberta Medeiros cobria férias de uma colega. Ao sair de um condomínio, ela foi atropelada, teve múltiplas fraturas e foi submetida a uma cirurgia. Hoje está impossibilitada de trabalhar e se sente dividida entre a necessidade de se recuperar e a preocupação com o fato de que os colegas ficarão ainda mais sobrecarregados.
“Temos poucos Oficiais. Muitos se aposentaram ou estão em processo de aposentadoria, e não há reposição, não estão contratando gente. Por outro lado, o Rio de Janeiro só cresce e o trabalho só aumenta. Estão todos sobrecarregados, quando falta alguém é muito difícil. Isso foi uma preocupação grande para mim, porque eu voltei do recesso e estava cobrindo o primeiro dia de férias da minha colega, fazendo o meu trabalho e o dela. Fiquei me perguntando quem iria dar conta disso, e de fato não havia ninguém para fazer o trabalho. Minha colega voltaria de férias com muito trabalho acumulado, ao que parece tudo será redistribuído para várias pessoas para não sobrecarregar demais ninguém”, explica a Oficial de Justiça.
Roberta ainda não possui previsão para voltar a movimentar o braço. “Estou preocupada com meus colegas, mas infelizmente o acidente aconteceu e preciso me recuperar. A situação está muito complicada, as pessoas adoecem, sofrem acidentes, e quem fica acaba sobrecarregado. No dia do acidente, tive um colega que se ofereceu para digitalizar os mandados que eu já havia cumprido, na minha área, pela manhã. Se ele não tivesse se prontificado e acumulado mais trabalho, o que eu já tinha feito seria perdido”, explicou.
Sobre o acidente, a Oficial de Justiça lembra apenas que eram dois mandados a serem cumpridos em um condomínio no bairro Pilares e que estava em uma rua de mão dupla, sem semáforo para pedestres. “A última memória que tenho é de estar olhando para ver os carros passando, e esperando. Quando acordei, estava no chão e me falaram que tinha sido atropelada”, conta.
A servidora lembra, ainda, que duas mulheres que estavam no carro prestaram socorro, e colocaram-na sentada em um banco (o que não é recomendado). Testemunhas relataram que o carro saiu do mesmo condomínio sendo que a motorista não viu Roberta, que estava atrás de um carro estacionado. No momento do acidente, ela teria inclinado o corpo para frente justamente com o objetivo de verificar se havia veículos em movimento na rua para poder atravessar.
As ocupantes do carro ligaram para a ambulância, mas não havia previsão de chegada – a espera seria de, no mínimo, uma hora e meia. “O colega que trabalha comigo me levou no carro dele para a UPA de Pilares, mas não havia médico para me atender e disseram para ir, por minha conta, para o Salgado Filho”. Com o calor, o corpo ensanguentado e sem saber como estaria o atendimento na emergência do Salgado Filho, Roberta então decidiu ir para uma clínica conveniada ao seu plano de saúde. “Meu colega me levou então para a São José, no Humaitá. Ele foi corajoso, eu estava com muita dor e poderia ter passado mal no meio do caminho, mas graças a Deus deu tudo certo”.
No hospital, a Oficial de Justiça foi informada de que tinha uma fratura na clavícula, duas costelas quebradas, além de uma lesão na coluna e diversos hematomas. Ela foi submetida a uma cirurgia na clavícula e terá que usar tipoia por seis semanas. Depois desse período, iniciará sessões de fisioterapia.
Fonte: Fenassojaf, com informações da Assojaf/RJ