Uma pesquisa acadêmica de conclusão do curso de bacharel em psicologia da Universidade Federal do Maranhão analisou o prazer e o sofrimento relacionados ao trabalho dos Oficiais de Justiça.
O estudo foi elaborado entre os anos de 2016 e 2017 pela psicóloga Keila Cristina Ribeiro do Vale. De acordo com ela, a escolha pelo tema surgiu diante do alto índice de adoecimento psíquico relacionado ao trabalho dos Oficiais de Justiça, levantado através da Divisão Psicossocial do TJMA.
Keila conta que entre as queixas mais comuns do oficialato estão a carga horária excessiva; agressividade de intimados, excesso de mandados para cumprir, condições precárias no trabalho, inclusive a falta de segurança durante a execução de suas atividades e pressão por produtividade.
“A partir destes relatos e da necessidade de buscar alternativas que atenuem o sofrimento destes trabalhadores no desempenho de suas atividades profissionais, a proposta da pesquisa foi analisar a relação entre a organização do trabalho e a dinâmica prazer, bem como o sofrimento desses servidores, a partir da percepção e da análise do contexto organizacional de suas atividades”, explica.
Ainda de acordo com a pesquisadora, foi observado que a organização do trabalho é uma importante causa de sofrimento relacionado às atividades dos Oficiais de Justiça. A frequente extensão da jornada de trabalho para além do horário previsto; o risco constante de sofrer agressões físicas e psicológicas na execução de mandados; a pressão por produtividade, bem como a constante ameaça de sofrer representação pelas partes, por juízes e advogados são causas importantes de sofrimento e desprazer no trabalho destes profissionais, e como consequência, potenciais causadoras de adoecimento.
Para Keila Cristina, “a ideia é que o estudo possa contribuir para o embasamento de outras análises relacionadas às condições de trabalho e sofrimento de servidores no Judiciário maranhense e também como embasamento para a proposição de ações voltadas para a melhoria das condições de trabalho do Oficial de Justiça no Judiciário maranhense”.
Na avaliação da Fenassojaf, apesar de a pesquisa acadêmica ser direcionada aos Oficiais do TJMA, os resultados obtidos são importantes e servem de base para diversas pautas comuns do oficialato federal e estadual.
Fonte: Fenassojaf